Primeiro semestre do ano de 2018, realizando trabalho voluntario na Escola, que me solicitou para trabalhar com os alunos, dos 8° e 9° anos, vez que na oportunidade estavam ocorrendo um número preocupante de suicídios entre adolescentes, bem como muitos estavam se auto lesionando.

Começou-se então a serem realizadas reuniões com o grupo de alunos, e com aqueles que desejavam, também conversas individuais.

Para que fosse estimulada a conversa, e procurando descobrir o que aqueles jovens pensavam, e o que lhes estava afligindo criamos um sistema para que todos que desejassem manifestarem-se sem identificarem-se, esses poderiam fazê-lo através da escrita, onde na oportunidade que desejassem e sem se identificarem, criassem um pseudônimo e escrevessem o que pensavam, depois, esse escrito se do desejo deles, era depositado em uma caixa.

Os escritos depois eram coletados, analisados, e discutidos com o grupo, onde sem a identificação do indivíduo, o seu sofrimento era passado ao conhecimento dos demais, que o debatiam, e buscavam as soluções.

Nas cartinhas foi possível perceber que os adolescentes traziam consigo vários tipos de preocupações e medos, dentre eles havia o medo dos pais se separarem, outros  pela  separação já ter acontecido e a insegurança que se instala com a separação, medo da morte, do abandono, o desejo de ser compreendido, ser visto, ser amado, a necessidade do diálogo com alguém que  pudessem confiar, e ainda a falta de compreensão dos próprios sentimentos, pois diziam  que recebiam muitas cobranças, mas, poucas explicações do que deveria ser feito.

E na verdade essas são inquietações naturais do amadurecer, porém, não conhecidas, até mesmo devido a imaturidade desta fase, e a falta de conhecimento dos responsáveis para uma orientação correta.

Na fase da adolescência a aparência do jovem muda; como resultado dos eventos hormonais da puberdade.

As características físicas desempenham um papel importante na formação do autoconceito do adolescente

Essa mudança nem sempre é interpretada como positiva pelo  adolescente, causando-lhe um desconforto interno.

O modo de pensar também muda; estão mais aptos a pensarem de maneira abstrata e hipotética, seus sentimentos de um modo geral se alteram. Nesta fase eles tiram suas próprias conclusões, já não aceitam tudo que lhes é imposto, o que os deixam em duvidas em vários momentos.

Em todas as áreas do desenvolvimento convergem à medida que os adolescentes confrontam sua principal tarefa, que é, estabelecer uma identidade.

A identidade se forma á medida que os jovem solucionam três questões  importantes: a escolha de uma profissão, adoção de valores os quais viverá e o desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória, o que requer tempo e informação. Eles necessitam do entendimento do quem sou, e o que é tudo isso que está acontecendo.

A intimidade e a intensidade das amizades adolescentes devem-se, em parte, ao desenvolvimento cognitivo.

A transformação no funcionamento psíquico devido aos hormônios, faz com que os adolescentes fiquem mais intensos nas suas decisões.

Tanto as influências hormonais como as sociais podem contribuir para a exacerbação das emoções e a instabilidade de humor na adolescência.

A instabilidade de humor muitas vezes é uma forma de auto defesa da própria psique, eles tendem a se entregarem profundamente emocionalmente, e de forma intensa quando estão em um relacionamento.

A maturação física, precoce ou tardia, pode afetar a adaptação emocional e social.

O conflito entre os adolescentes e os pais às vezes são motivados por aspectos imaturos do pensamento.

Na relação família, na maioria das vezes os pais estão sem o tempo, para os não entendimentos dos adolescentes e é nesta fase que eles necessitam de uma maior explicação para tais mudanças. Diria que nesta fase os pais terima a oportunidade de fortalecer o relacionamento em família, reformulando algumas questões familiar.

O envolvimento parental e os estilos de criação influenciam o desempenho escolar.

Cada família tem sua própria cultura e é difícil para o adolescente entender os diferentes hábitos e culturas, para separar o que é dele e o que é do outro.

A capacidade da criança e do adolescente de baixa renda de terem um bom desempenho na escola pode depender da disponibilidade dos recursos familiares e comunitário.

Sabemos que a qualidade de vida é de extrema importância para a assimilação e acomodação de informações, assim sendo as possibilidades da criança e do adolescente de baixa renda ficam diminuídas, podendo lhes causarem prejuízos escolar.

Assim, foi dada  continuidade aos trabalhos solicitados, e  a cada adolescente acompanhado foi observado que todos traziam consigo a maioria das angustias listadas acima, e em um caso especifico a adolescente já apresentava sinais de desistência, pois ao longo de seus 15 anos ,não tivera o afeto necessário para o desenvolvimento saudável da criança, para formação de uma  estrutura psíquica que lhe proporcionasse uma melhor compreensão do processo da adolescência, a desestrutura familiar, falta de diálogo e a necessidade de ser vista e sentir que  fazia parte de uma família, com todas as questões do desenvolvimento natural, fez com que essa adolescente não quisesse mais viver, ao olhar de perto toda a sua dinâmica foi percebido que a mesma tinha tanta vontade viver e por falta de orientação e compreensão,  a mesma achava que não daria conta.

Para que pudéssemos entender melhor, solicitou-se à direção da escola que fosse chamada a mãe da adolescente para um conversa, em seu lugar veio um senhor que se apresentou como avô, logo de início nos relatando ser avô postiço, não tinha laços de sangue, era casado com a avó da adolescente, disse ainda que se preocupava muito com a menina, mas, não sabia como ajuda-la , disse mais que a mão dela trabalhava muito, que todos não sabiam o que fazer pois ela estava na adolescência e eles achavam que era por isso que ela estava rebelde, o fato de a adolescente estar se auto lesionando, eles dizia que era para chamar atenção, sabia que tinha muitos adolescentes tirando a própria vida, mas, não acreditava que isso fosse acontecer com ela, neste caso especifico a adolescente estava indecisa sobre sua sexualidade, em suas tentativas de relacionamento, ela não se sentia correspondida, no momento que sentiu correspondência, a família não permitiu, ou seja, a família não sabia como ajudar e não tinha tempo para compreender e  aprender ajuda-la.

O jovem traz consigo toda a inquietação natural biológica, como ele vai assimilar as angustias da adolescência, depende da formação de sua estrutura psíquica, e esta é formada pela observação do meio, ou seja os costumes, regras, cultura, afeto.

Dentro do espaço escolar é possível encontrar diversas personalidades, porém, todos ainda em formação. Em razão de sua imaturidade, os adolescentes podem ceder às pressões a que os adultos seriam capazes de resistir. Muitos dos adolescentes ainda não estão capacitados a tomarem decisões, devido a imaturidade psíquica, eles ficam vulneráveis as várias situações, tanto física e ou emocional.

Dentro os alunos, foi possível perceber que haviam diferentes estágios, uns de maior maturação psíquica e outros com menos maturidade, alguns apresentavam maior resistência  e outros não, uns utilizavam da esperteza para burlarem as dinâmicas de grupo aplicadas, pois acreditavam  que assim estavam demostrando maturidade e escondendo o que sentiam, mas,  não sabiam o que era, e acreditavam ser vergonhoso pedir ajuda.

 O objetivo do trabalho era compartilhar informações e promover o autoconhecimento dos alunos, sabendo que cada um tinha uma dinâmica diferente em casa, trabalhou-se com dinâmicas, diálogos, vídeos de reflexão e uma escuta qualificada.